quinta-feira, 4 de março de 2010

Após compulsório, bancos começam a prever
expansão menor do crédito em 2010
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O mercado financeiro começa a prever menor expansão na oferta de crédito, em função do aperto no compulsório anunciado recentemente pelo Banco Central (BC). Em relatório, o Santander Brasil diz que projetava crescimento da carteira de crédito entre 18% e 20% anteriormente e que, após a divulgação das medidas, reduziu suas perspectivas para 18%.
Na Federação de Bancos Brasileiros (Febraban), o economista-chefe, Rubens Sardenberg, também acredita numa expansão menor. Mas evita fazer projeções ao lembrar que outras variáveis, como a evolução do nível de atividade do País e das taxas de juros, influenciam a concessão de financiamentos.
De acordo com o último levantamento sobre o crédito feito pela Febraban após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em 27 de janeiro, a expectativa de 30 bancos consultados era de expansão da carteira de empréstimos em 20,6% este ano e 19,2% em 2011. “Vai haver algum impacto, mas será pequeno justamente em razão da situação favorável de liquidez dos bancos", diz. "Além disso, as instituições estão capitalizadas.” Sardenberg lembra que, se os bancos estivessem mais endividados (alavancados) o impacto no crédito seria maior.
Consumidor evitará custo mais alto
José Pereira da Silva, professor do departamento de Contabilidade, Finanças e Controle da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP)-FGV, lembra que a medida do BC também tende a deixar o crédito mais caro, o que influenciará na decisão de endividamento da pessoa física. “Certa camada de consumidores atingiu um grau de compra e endividamento, por isso, começou a cortar novas aquisições”, diz.
Segundo o BC, as alterações no recolhimento sobre recursos a prazo e na exigibilidade adicional sobre depósitos deve ser entendida como uma "reversão das medidas anticrise adotadas a partir de outubro de 2008" e seu objetivo é enxugar a liquidez do sistema financeiro.
Pessoa física é mais afetada

A diminuição na expansão da carteira de crédito deve ser mais sentida pelos consumidores do que pelas empresas, mostra a Serasa Experian. O indicador de perspectiva do crédito ao consumidor da companhia caiu 0,9% em janeiro de 2010, atingindo o valor de 102,5, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira. Foi a quarta queda mensal consecutiva, sinalizando que o ritmo de concessões de crédito às pessoas físicas entrará em rota de desaceleração durante o primeiro semestre, diz a empresa.
O indicador de perspectiva do crédito às empresas, por sua vez, caiu 0,5% em janeiro, terceira queda mensal consecutiva, atingindo o valor de 98,3.
A Serasa lembra que, como os indicadores de perspectiva antecipam as oscilações do mercado de crédito para os próximos seis meses, suas recentes quedas mensais sinalizam que o ritmo de expansão do crédito deverá mostrar sinais de arrefecimento já durante o próximo trimestre.
Essa retração deverá ser mais acentuada para o volume de concessões de crédito aos consumidores do que para as empresas, já que o recuo acumulado pelo indicador do consumidor já é de 2,4% (entre outubro de 2009 e janeiro de 2010), ao passo que o indicador de empresas apresenta queda acumulada menor (1,0% entre novembro de 2009 e janeiro de 2010).

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