Para Dieese, crise não atrapalha e
bancos podem conceder aumento real
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As expectativas para a Campanha Nacional dos Bancários deste ano são boas e as negociações com os bancos devem render bons frutos, como o aumento real de salários.
A avaliação é do diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, que afirmou também que o Brasil foi um dos países que melhor reagiu à grave crise econômica internacional e grande parte desta resistência se deve aos trabalhadores.
Clemente falou durante a 3ª Jornada Nacional de Debates, realizada no mesmo dia, no Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. Segundo ele, o governo federal tomou uma série de ações anticrise que foram propostas pelo movimento sindical.
"A política econômica anticíclica do governo foi proposta pelos sindicatos. Entre as ações estão a ampliação dos investimentos públicos, do PAC e das empresas estatais, o fortalecimento dos programas sociais, a redução do superávit primário, a valorização do salário mínimo. Daqui para frente, onde houver investimento público terá contrapartida social, exigida pelos sindicatos durante a crise.
A ampliação da parcela do seguro desemprego, a desoneração tributária e a reafirmação da agenda do trabalho decente, tudo isso é proposta dos sindicatos", disse o economista.
Para Clemente, o Brasil está se "segurando bem" nesta crise e perto do resto do mundo o país está numa situação ótima.
"O mundo ainda está demitindo e nós aqui já estamos retomando a geração de empregos. Inclusive, um dos grandes trunfos do Brasil nesta crise foi o crescimento da massa salarial do trabalhador nos últimos anos, que segurou a economia neste momento", comenta.
Para Roberto von der Osten, secretário de Finanças da Contraf-CUT, a rápida recuperação da economia brasileira e a rentabilidade dos bancos são fatores para que as reivindicações dos bancários sejam atendidas na campanha salarial deste ano.
"O setor financeiro foi pouco atingido mesmo no pior da crise. Não há motivo para fugir das demandas dos trabalhadores", afirma.
"O atual patamar de lucros das empresas financeiras é um verdadeiro abuso com os trabalhadores e a sociedade brasileira. Os bancos precisam colocar na prática o discurso de responsabilidade social, começando dentro de casa e valorizando seus funcionários", defende.
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Presidente do SEEBSP, Luiz Cláudio Marcolino,
destaca que a CUT luta há décadas pela
regulamentação do sistema financeiro nacional
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"A Constituição de 1988 deveria ter feito isso, mas deixou em aberto o artigo 192 que trata da questão. Desde então, os sindicatos dos bancários estão pressionando o Congresso Nacional e o governo para colocar rédeas nos bancos", destaca Marcolino.
Entre as propostas defendidas pelo Sindicato para diminuir os abusos dos bancos e favorecer a sociedade estão a redução dos juros em todas as modalidades de empréstimos, a redução da alta lucratividade do sistema bancário e dos rentistas e a menor transferência de renda de pessoas e empresas para os que se apropriam dos ganhos financeiros.
"Precisamos definir um novo papel para o sistema bancário do Brasil, para que ele seja voltado ao financiamento da produção e do desenvolvimento", finaliza Marcolino.
Fonte: Contraf-CUT, com Fábio Jammal Makhoul - Seeb SP
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Itaú Unibanco já prevê expansão do crédito
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O Itaú Unibanco revisou para cima a expectativa de aumento das operações de crédito neste ano, anunciou ontem o presidente do banco, Roberto Setubal, em apresentação a analistas da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), realizada em São Paulo.
Animado pela expectativa de recuperação da economia brasileira, o Itaú Unibanco informou estar esperando agora o aumento de 12% a 18% nas operações de crédito deste ano com pessoas físicas e pequenas e médias empresas.
Anteriormente, o banco esperava um aumento de 10% a 15% nessas operações. A decisão do Itaú Unibanco é contrária à do Bradesco, que, no início de agosto, revisou para baixo a previsão de crescimento da carteira de crédito de 13% a 17% para 8% a 12%.
O Bradesco reduziu a previsão de expansão neste ano das operações com pessoas físicas de 11% a 15% para 9% a 12%; e as com pequenas e médias empresas, de 15% a 19% para 9% a 13%.
No segundo trimestre, o crescimento das operações de varejo do Itaú foi no ritmo de 12,6% anualizados, acima dos 9% também anualizados no primeiro trimestre. No trimestre, a carteira de pequenas empresas cresceu 5% no trimestre e 28,5% em doze meses.
"No total o crescimento só foi negativo por causa da operações em dólar das grandes empresas", que diminuiu por causa do impacto do câmbio e pela volta das operações no mercado de capitais.Setubal justificou as novas previsões à recuperação da economia brasileira e perspectiva de redução da inadimplência.
Segundo a área econômica do banco, o Produto Interno Bruto (PIB) vai sair de uma queda de 0,7% neste ano para um crescimento de 4,3% no próximo. "O pior já passou", disse Setubal.
O banqueiro também argumentou que o Itaú Unibanco aumentou sua participação no mercado de crédito. "Sem querer polemizar, continuamos dando crédito e até ampliamos nossa participação no mercado. Os bancos médios e os estrangeiros é que perderam mercado", afirmou. Considerando apenas as operações com recursos livres, o Itaú Unibanco calculou em 24% sua participação no mercado de crédito em comparação com 23,6% em dezembro de 2007.
Com base em dados do Banco Central (BC) a respeito do total de operações de crédito, o Valor calculou em 18,35% a fatia do Itaú Unibanco em comparação com 14,13% no fim de 2008.Setubal destacou também o aumento da importância dos negócios de seguros, previdência e capitalização, que tiveram lucro líquido de R$ 617 milhões no primeiro semestre, enquanto o resultado global do banco foi de R$ 4,9 bilhões.
O banco afirma deter uma participação de 19,8% desse mercado, excluindo seguro saúde. O Itaú Unibanco não descarta aquisições para crescer nesta área em que o Bradesco é um dos maiores - cerca de um terço dos resultados do banco vem dessas operações - e o Banco do Brasil (BB) pretende crescer. Setubal também destacou aos analistas a posição do banco no Mercosul, em operações na Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, totalizando R$ 18,9 bilhões em ativos.
Segundo o presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, esse é o "embrião" da expansão internacional do banco, que deverá se dar basicamente por aquisições.No momento, porém, o banco prefere concentrar-se na integração.
Nesta semana, começou a operação piloto em cinco agências, que deve se estender ao restante da rede até o fim do ano. A conclusão desse trabalho está prevista para o fim de 2010.
Fonte: Valor Econômico
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