domingo, 28 de fevereiro de 2010

Banco do Brasil amplia liderança
e tem lucro recorde no País
Para o Sindicato dos Bancários de Maringá e Região, este lucro de mais de R$ 10 bi é resultado da política agressiva do banco, do sacrifício dos seus funcionários, obrigados a cumprirem metas abusivas, extrapolando jornadas de trabalho, vivendo situações de constante estresse e problemas de saúde.
É preciso lembrar que o banco deveria, antes de pensar no lucro, visar a sua função social de banco público brasileiro. "É preciso, também, reconhecer que estes números recordes são resultado do empenho, competência e muita dedicação dos seus funcionários, mas que na hora da divisão do lucro o banco esquece do fundamental papel desempenhado por estes trabalhadores."
LUCRO
Banco do Brasil lucra R$ 10,1 bilhões em 2009 e se distancia no topo do ranking, com R$ 709,5 bilhões em ativos. O crescimento de 33,8% da carteira de crédito turbinou os resultados do Banco do Brasil (BB) em 2009. Além de obter o maior lucro da história do setor bancário - R$ 10,1 bilhões -, o BB encerrou o ano com folga na liderança do ranking das maiores instituições financeiras do País.
Em dezembro, possuía ativos totais de R$ 708,5 bilhões, ante R$ 608,3 bilhões do segundo colocado, o Itaú Unibanco, ou seja, pouco mais de R$ 100 bilhões. No fim de 2008, a diferença era de R$ 111 bilhões a favor do banco privado.
Com o desempenho, o BB alcançou os dois principais objetivos traçados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o banco em 2009: recuperar o posto de número 1 e funcionar como amortecedor da crise global no Brasil, por meio do forte crescimento na concessão de empréstimos. Ontem, o ministro comemorou os números do BB.
O ritmo de expansão dos empréstimos no banco foi bem superior ao das instituições privadas. No Itaú Unibanco, o crescimento da carteira de crédito no ano foi de 2%, no Bradesco, de 10%, e no Santander, de 2%. "Não havia motivo técnico que justificasse não ocuparmos o espaço que a concorrência estava abrindo", afirmou o vice-presidente de Finanças do BB, Ivan Monteiro. Segundo ele, os índices de inadimplência do banco, "inferiores aos do sistema", mostram que a estratégia foi acertada.
O BB terminou 2009 com uma taxa de inadimplência de 3,3%. Segundo o Banco Central (BC), o índice médio do sistema era de 5,6% em dezembro. "Estabelecemos como foco o crédito consignado e o financiamento de veículos", explicou Monteiro, referindo-se a dois segmentos nos quais a inadimplência é tradicionalmente mais baixa.
"Compramos a Nossa Caixa em São Paulo para expandir o consignado e nos tornamos sócios do Votorantim para crescer na área de veículos." O presidente do BB, Aldemir Bendine, afirmou que, em 2010, o ritmo deve desacelerar. A expectativa do banco é de uma alta entre 18% e 23%.
Mesmo assim, o teto da estimativa é superior às projeções médias dos bancos privados para o ano, que estão na casa de 20%. Segundo Monteiro, apesar da concorrência maior em 2010, o BB vai lutar para manter a participação de mercado no crédito alcançada em 2009. Ele disse que a fatia da instituição saiu de 13,8% para 20%.
No início da semana, o Banco Central indicou que as instituições públicas devem continuar puxando a alta do crédito em 2010. O discurso dos executivos do BB e a expectativa do BC contrariam a avaliação de analistas do setor, que esperam uma recuperação do espaço pelos bancos privados. O comportamento dos bancos públicos preocupa um ex-dirigente do BC, que pede para não ser identificado. Sua análise está centrada no impacto que a manutenção do ritmo forte dos bancos públicos pode ter sobre o resto do setor.
"Mais do que a saúde do BB e da Caixa, que sempre terão o Tesouro para vir em socorro caso alguma coisa dê errada, me preocupa o comportamento que os outros bancos podem ter nesse cenário. Afinal, os privados não vão entregar o osso assim", disse. "Na ânsia de não perder mercado, podem ser agressivos e, com isso, colocar em risco os padrões de prudência do sistema. No auge da crise, o próprio governo celebrou a qualidade do setor no Brasil."
O presidente da Austin Rating (empresa especializada na avaliação de bancos), Erivelto Rodrigues, afirmou que, "por enquanto", o forte crescimento do crédito no BB não afetou negativamente os bancos. Ele ressaltou, porém, que só o tempo vai deixar claro se a expansão foi feita "com qualidade". Monteiro rechaça a ideia de que o banco possa ter problemas em decorrência da alta dos empréstimos. "Alguns analistas diziam que a inadimplência ia aparecer três meses depois.
Outros, seis meses depois. Agora, falam que o efeito só será sentido um ano depois", ironizou. Em relatório, os analistas do Banco Fator consideraram o balanço positivo e disseram que os números ficaram dentro das expectativas. Destacaram, entre outros fatores, a "manutenção do ritmo de crescimento da carteira de crédito".
No lado negativo, citaram o fraco desempenho das receitas de prestação de serviço e o forte aumento das despesas administrativas. As ações ordinárias (ON) do BB perderam 1,48% na Bolsa de Valores de São Paulo ( Bovespa). Os papéis preferenciais (PN) do Bradesco caíram 0,16% e os do Itaú Unibanco, 0,03%.
DIVIDENDOS E EMISSÃO
O estatuto do BB prevê a distribuição de 40% do lucro para os acionistas. Como o Tesouro Nacional detém 68% do capital da instituição, estima-se que receberá R$ 2,7 bilhões. O BB lembrou que está terminando estudos para fazer um aumento de capital de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões.
O objetivo é poder emprestar mais e se adequar às regras da BM&FBovespa no que diz respeito à quantidade de ações em circulação. Indagado pelo Estado, Monteiro não quis comentar o assunto.

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