domingo, 14 de fevereiro de 2010

Bancos privados expandem oferta
de crédito para educação no país
Itaú e Santander já têm financiamento; Bradesco prepara lançamento.
Instituições privadas passam a concorrer em setor dominado pelo governo.
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Para o estudante que não conseguiu vaga em universidade pública e não se enquadra nas faixas de renda do Prouni (até três salários mínimos por membro da família), o curso universitário também pode ser um gasto pesado demais para o bolso. Mensalidades de cursos mais caros, como os de medicina, podem passar dos R$ 5 mil – valor inviável para a classe média brasileira.

De olho na expansão do ensino superior no Brasil e nas necessidades da nova classe média, bancos privados estão lançando linhas de financiamento para esses cursos, com taxas bastante inferiores às cobradas no empréstimo pessoal – enquanto o juro do crédito direto ao consumidor gira em torno de 5% ao mês (dado do Procon), no financiamento educacional essa taxa cai para cerca de 8% ao ano nos bancos privados.

“A grande questão é que tem uma população grande que deveria estar no ensino superior, mas não está por falta de capacidade de pagamento. A renda não é suficiente, então o financiamento entra como forma de reduzir os encargos”, explica Marcos Magalhães do Itaú-Unibanco.

Desta forma, as instituições privadas se juntam ao Banco do Brasil e à Caixa, que operam recursos oficiais subsidiados, com juros de 3,5% ao ano. Entretanto, a seleção para o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação, leva em conta critérios não-econômicos, como desempenho acadêmico e critérios socioeconômicos. O cadastro para o Fies é feito pelo Ministério da Educação, e começa em março.

Primeiros passos
No Itaú-Unibanco, o financiamento educacional começou “para valer” no final de 2009, segundo Magalhães, apenas para cursos de graduação das universidades conveniadas – hoje, em torno de 21.

Já no Santander, o financiamento para a graduação ainda é um projeto piloto, mas cerca de dez faculdades já estão conveniadas para passar a oferecer o produto. O Bradesco também prepara lançamento similar para o segundo semestre, mas não informa as condições. “Ele (o financiamento) tem um objetivo de proporcionar uma melhoria contínua.

A gente gostaria que alunos bons pudessem estudar em universidades mais caras, já que às vezes eles deixam de fazê-lo por falta de capacidade financeira”, diz Mônica Bari, superintendente do Santander Universidades.

Cuidados
Os especialistas alertam, no entanto, tenha o cuidado de não começar a vida profissional excessivamente endividado. “Qualquer que seja a situação, a prestação não pode comprometer mais de 30% da renda”, alerta o especialista em finanças pessoais João Sundfeld. “A questão que ele deve ter em mente é que o que ele esta fazendo é um investimento, pegando dinheiro emprestado para pagar a carreira. Ele está se financiando, e isso é bom. Mas tem que escolher a instituição que ofereça um fluxo de caixa que ele consiga depois pagar. Começar devendo não é o melhor caminho, mas é o caminho possível para algumas pessoas”, avalia o professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP), Rafael Paschoarelli.

Condições
Em geral, os planos oferecidos pelos bancos financiam até 100% do valor das mensalidades. O dinheiro não passa pela conta do aluno – o pagamento é feito diretamente à faculdade ou universidade. Mas há limites: a renda média dos responsáveis pelo pagamento, somadas, têm que ser de no mínimo duas vezes o valor da mensalidade total.

Diferente do antigo crédito educativo, o aluno começa a pagar o financiamento já no início do curso – o equivalente a cerca de 50% do valor das mensalidades.

O prazo para quitar o financiamento pode chegar ao dobro da duração do curso. “Essa mecânica de suavizar o pagamento em parcelas transforma o custo de quatro em oito anos de parcela”, explica Magalhães.

“O valor [inicial] que ele vai pagar para o banco é aproximadamente 50% a 60% do valor da mensalidade da faculdade, que vai variando de acordo com o passar dos anos. Começa muito menor no início do curso. E pós-formado ele paga um valor maior, uns 70% do valor da mensalidade. A lógica é que ele já deve estar trabalhando, já tem condição de pagar parcela um pouco maior”, explica Mônica. A contratação do financiamento é feita, em geral, por meio da própria faculdade, que precisa ser conveniada com o banco.

Pós-graduação
Para os alunos de pós-graduação, o financiamento no Santander pode ser feito em até 36 meses, também de 100% do valor do curso. Nesse caso, os pagamentos podem começar em até 90 dias do início das aulas. O Bradesco também oferece crédito para MBA e pós-graduação. No caso do segundo maior banco privado brasileiro, no entanto, o crédito é feito para o aluno, e não é preciso convênio entre a instituição financeira e a educacional. G1

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