sábado, 20 de março de 2010

Artigo
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Assédio moral:
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o assediador
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José Carlos dos Santos*
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A guerra psicológica no trabalho, segundo Marie-France Hirigoyen, agrega dois fenômenos: o abuso de poder, que pode ser facilmente desmascarado e não é necessariamente aceito pelos empregados, e a manipulação perversa, que se instala de forma mais insidiosa e que, no entanto, causa devastações muito maiores.
Entendemos que os danos na relação de trabalho da vítima podem ser causados com relativa rapidez pelo assediador.
Porém, uma vez detectado o processo, a empresa reage – quando o faz – geralmente com muita morosidade. Isso é tanto mais certo quanto mais a estrutura da empresa é rigidamente hierárquica e burocrática.
E que tipo de pessoa se sente, vamos dizer, “à vontade”, numa estrutura rigidamente desumana? Hirigoyen diz que o assediador é um perverso narcisista. Uma pessoa que não conseguiu superar traumas de infância e que não consegue enxergar o outro como ser humano. A perversidade consiste na utilização, e depois destruição do outro, sem a menor culpa. No narcisismo, a outra pessoa só existe como espelho dele, narcisista.
Entendemos que o assediador instaura a violência, com uma rotina de dominação, perseguição e controle, tentando fazer com que a vítima reaja de determinada maneira, igualando-se, assim, de certa forma, a ele, seu algoz. Uma vez no jogo, a vítima pode ser manipulada e, depois, descartada, supostamente por culpa de seus próprios atos.
O assédio moral acontece em contextos e ambientes propícios ao poder tirânico e à agressão moral. Que ensejam, como exemplificou o Dr. Manoel Jorge, do MPT/BA, mistificações como a da “qualidade total”: exigência total em todos os domínios da existência, e práticas como as de invasão moral: questionários onde constam perguntas como: “Já brigou com o vizinho?”, “Bebe?”, “Já teve desilusão amorosa?”.
Abaixo o assédio moral!
*José Carlos dos Santos é empregado da Caixa

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