sexta-feira, 19 de março de 2010

Quanto mais o BC sobe os juros, mais
aumenta a inflação, diz Marcelo Odebrecht
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Nos últimos dias, um debate tem ganhado corpo entre economistas e o governo. O da necessidade ou não de o Banco Central subir os juros para conter a a ameaça de alta da inflação.
Para o empresário Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, essa discussão peca por sua origem. A seu ver, o juro básico (a Selic) no Brasil não serve mais como instrumento de combate à inflação.
O argumento de Marcelo Odebrecht é simples. Um aumento de um ponto percentual da Selic não afeta em nada as taxas pagas pelo consumidor, que pagam spreads muito altos.
Enquanto a Selic está hoje em 8,75%, os juros para o consumidor chegam a casa de 30% a 40% ao ano. Não será portanto um aumento de um ponto que vai ter algum impacto sobre essas taxas.
A Selic também não afeta as empresas. As pequenas já pagam juros muito elevados, e as grandes têm acesso ao mercado de crédito internacional e ao dinheiro de longo prazo do BNDES, cujos juros, em ambos os casos, são menores.
Ou seja, segundo Marcelo Odebrecht, a taxa básica de juros no País só provoca uma alta na dívida pública, o que provocará indiretamente um aumento da inflação, já que o governo terá de cortar investimentos.
Para compensar esse aumento na dívida pública, o governo terá que cortar despesas de custeio, que é mais difícil embora desejável, ou de investimento ou ainda aumentar tributo. O impacto, no caso do corte de investimento ou de aumento no tributo, será na inflação.
“Quanto mais o Banco Central aumenta os juros, mais contribui para o aumento da inflação”, diz Marcelo Odebrecht.
De acordo com Marcelo Odebrecht, o que o Brasil mais precisa hoje é de investimentos, principalmente em infraestrutura, para aumentar a capacidade de oferta e evitar qualquer pressão de demanda. A falta de investimentos é o maior combustível para a inflação.
O empresário concorda que o aumento de juros do Banco Central pode até ter efeito sobre as expectativas, mas ele acha que esse argumento perde a lógica quando se analisa como a economia funciona na prática.

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