segunda-feira, 18 de maio de 2009

ENTREVISTA DE ROSARIO BRAGA,
NO JORNAL PEQUENO
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Rosario Braga defende propostas da chapa
Democracia e Unidade para Avançar
Por Waldemar Terr (Repórter de Política) - wter@uol.com.br - wter.blog.uol.com.br

Entrevista Exclusiva - Rosario Braga
ELEIÇÕES DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS
O Sindicato dos Bancários do Maranhão realiza eleições, nos dias 19, 20 e 21 deste mês, para escolher a nova diretoria da entidade. Apenas dois candidatos estão na disputa, Rosario Braga (ex-BEM e agora Bradesco) e David Sá Barros (Banco do Brasil), ambos integrantes da atual diretoria. A página vai abrir espaço para os dois concorrentes, hoje para a candidata da Chapa2 (Democracia e Unidade para Avançar), Rosario Braga, e no próximo domingo (17/04) para o concorrente pela chapa um (Unidade, Resistência e Luta), David Sá, fazendo a ambos basicamente as mesmas perguntas.

Rosario Braga diz que é candidata pela "necessidade de recolocar o sindicato no rumo que o norteou desde a tomada do Movimento de Oposição Bancária (MOB/CUT), em 1991. Ou seja: o rumo do diálogo, da participação em todos os fóruns da categoria, da democracia, com respeito a todas as opiniões e em especial às decisões da categoria". Outra proposta da chapa dois, de acordo com a candidata, é "resgatar a democracia e manter os bancários e bancárias do Maranhão unidos aos bancários e bancárias do Brasil", com a entidade permanecendo filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A seguir, a entrevista com Rosario Braga, que tem 52 anos idade, é militante do movimento sindical bancário há 27 anos, graduada em Ciências Contábeis pela Ufma com pós-graduação em Consultoria Empresarial, foi analista de projetos do BDM, com a liquidação do banco passou para o quadro de pessoal do BEM e atualmente faz parte do quadro de empregados do Bradesco, adquirente do BEM, e no final dos anos 80 foi uma das fundadoras do MOB-CUT.
Rosario Braga defende que o Sindicato dos
Bancários volte ao rumo que o norteava em 1991

Jornal Pequeno - O que levou a senhora a ser candidata?
Rosario Braga -
A necessidade de recolocar o sindicato no rumo que o norteou desde a tomada do MOB/CUT em 1991. Ou seja, o rumo do diálogo, da participação em todos os fóruns da categoria, da democracia, com respeito a todas as opiniões e em especial às decisões da categoria. Entre outros desmandos, não pode a categoria ter deliberado ano passado que o sindicato deve permanecer cutista e o setor majoritário da direção continuar financiando movimentos que se contrapõe à decisão da categoria, como fez ano passado mandando R$ 21 mil reais para o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB), sem que se saiba o que foi feito desse dinheiro. Por outro lado, quem freqüenta o sindicato deve se sentir acolhido e não servir de chacota quando expõe pensamento diferente dos que comandam a entidade. Isso se chama respeito.
JP - Quais as principais propostas da chapa?
RB -
Resgatar a democracia e manter os bancários e bancárias do Maranhão unidos aos bancários e bancárias do Brasil. Isso significa manter o sindicato filiado às estruturas de organização cutistas que hoje concentram mais de 90% dos bancários e bancárias do Brasil. Somos contra o isolamento defendido pelos que querem levar o sindicato para a Conlutas, embora estejam a negar, por oportunismo eleitoral. Queremos preservar a unidade dos bancários e bancárias sem distinção entre rede pública e rede privada, por isso defendemos a mesa única de negociação para as questões gerais da categoria e mesas específicas para tratar dos problemas de cada banco. As mesas separadas, uma para rede pública e outra para rede privada, divide os bancários como se uns fossem de primeira classe e outros de segunda.
JP - Quer destacar mais alguma proposta da chapa?
RB -
Queremos que o sindicato ocupe os lugares a que tem direito no âmbito de nossa organização que tem caráter nacional, já que nossos acordos de trabalho são de âmbito nacional. Assim, o sindicato deve ocupar seu lugar no Comando Nacional dos Bancários. O radicalismo que tomou de conta de nossa entidade tem nos auto-excluído do Comando. Da mesma forma, a central que eles defendem, a Conlutas, também tem se negado a sentar-se à mesa de negociação ao lado das outras centrais: CUT, CTB, Contec e UGT, que representam os bancários e bancárias do Brasil. E por que é bom ficar de fora? Para fazer a única coisa que eles sabem: bater em todo mundo, não assumir nenhuma responsabilidade e ao final, oportunisticamente, dizer que se submete à maioria e assinar o acordo que não negociou.
JP - Qual a situação do setor bancário público hoje?
RB -
As condições de trabalho e os níveis salariais estão muito ruins. A sobrecarga de trabalho é excessiva e a conseqüência é a altíssima incidência de adoecimento. São doenças físicas, as lesões por esforços repetitivos (LER/DORT), doenças de coluna, coronárias, estomacais, e uma infinidade de outras. Também doenças mentais relacionadas à alta incidência do estresse a que os bancários e bancárias são submetidos. Pesquisa feita recentemente pelo INSS apontou a categoria como a segunda com maior incidência de doenças mentais, como depressão, síndrome de pânico, insônia etc. Quanto aos salários estão muito rebaixados, pois apesar de estar se conseguindo repor a inflação, tem um acúmulo de perdas que vem do governo FHC, quando os reajustes, quando havia, ficavam muito aquém da inflação.
JP - Qual a situação do setor privado hoje, em termos de mercado e condições salariais?
RB -
No setor privado a situação não é diferente, ainda que as perdas acumuladas no período FHC sejam menores, os salários desse setor são historicamente menores que os praticados no setor público. Com o agravante de que no setor privado a repressão à organização desses trabalhadores e trabalhadoras é muito intensa. A retaliação a quem, por exemplo, participar de greve tem como certa a demissão. Como na rede pública, também aqui tem as metas inatingíveis a serem cumpridas, que neste caso sujeita os bancários e bancárias à freqüente ameaça de demissão. Enfim, podemos dizer que a organização do trabalho bancário em geral é hoje extremamente violenta, do ponto de vista de que, há uma sobrecarga de trabalho, uma pressão enorme para cumprir metas, salários rebaixados e muito adoecimento.
JP - Quais os principais integrantes da chapa e representam quais setores?
RB -
Buscamos compor uma chapa o mais representativa possível. Assim, temos componentes de todos os setores da categoria, numa proporção mais ou menos equivalente ao número de bancários e bancárias por banco. Temos militantes mais experientes como Elves e Magno (Unibanco), Leda, Marcos, Carla e Nilson (Bradesco), Jorge Cordeiro (Caixa), Miguel (Itaú), Camilo, Nonato e Reinaldo (BB), Rogério (Basa) e também outros e outras que se iniciam agora no movimento, como Aluá (BB), Anthony e Delando (Caixa), Monteiro (BNB) etc. Muitos militam em movimentos sociais, igrejas, partidos políticos etc. Também temos artistas. Enfim, uma chapa com bastante diversidade e uma curiosidade: em 74 anos da história do sindicato é a primeira vez que uma mulher disputa a presidência da entidade.
JP - A chapa é apoiada pela CUT e o motivo?
RB -
É que o sindicato é filiado à CUT, mas a direção majoritária hoje no sindicato quer levá-lo para a Conlutas, uma central nova criada por militantes do PSTU e alguns do PSOL. A filiação do sindicato à CUT se deu por deliberação de mais de 250 bancários presentes em um congresso da categoria no início dos anos 90. No ano passado, os que hoje são majoritários na direção do sindicato propuseram em plebiscito que o sindicato se desfiliasse da CUT. Dialogamos com os bancários e bancárias, esclarecendo como se dá nossa organização e a importância de nos mantermos unidos com mais de 105 sindicatos do Brasil. Fomos vitoriosos. Os derrotados não se renderam e se recusaram a compor chapa conosco. Agora estão camuflando suas intenções se dizendo também cutistas.
JP - A senhora integrou a atual diretoria. Motivo de haver partido para a disputa como presidente?
RB -
Eu ainda componho a diretoria. Sou a secretária geral que em nossa entidade significa ser a vice-presidente. Quando o pessoal ligado à Conlutas propôs retirar o sindicato da estrutura de organização cutista (sindicato, federação e confederação) não aceitei que se desmontasse tudo que construímos a duras penas para sair para uma aventura e apartar os bancários e bancárias do Maranhão dos demais do Brasil, restringindo nossas relações a apenas um sindicato do Rio Grande do Norte e outro de Bauru que juntos representam menos de 0,5% da categoria. Aí, eu e meus companheiros e companheiras decidimos ir dialogar com os bancários e bancárias e defender a manutenção da filiação à CUT. Fomos vitoriosos e a minha candidatura é conseqüência desse processo.
JP - Qual o futuro do bancário?
RB -
O futuro mais imediato é continuar a luta por um sindicato mais democrático, lutar pela unidade da categoria no âmbito estadual e nacional, não permitir que os trabalhadores e trabalhadoras bancárias sejam segregados em rede pública e privados, não deixar que nosso sindicato se lance em aventuras inconsequentes, continuar batalhando por melhores condições de trabalho, pela recomposição de nossos salários defasados, enfim avançar em nossas conquistas. Como fazer isso: Não comprar gato por lebre. Votar na chapa que mostra a cara de quem vai dirigir a entidade, que não camufla, que não renega suas posições, que não vende ilusões. Votar na Chapa 2 - Democracia e Unidade pra Avançar, a chapa dos bancários e das bancárias.

2 comentários:

Anônimo disse...

Voto na Chapa 2 - quero um Sindicato atuante e incisivo na defesa dos direitos e na busca de novas conquistas para os bancário(a),sem perder de vista que os nossos dirigentes-sindicais devem ter equilibrio e responsabilidade. sou do banco 237

William Mendes disse...

Olá companheira Rosário Braga. Excelente entrevista. Vamos até a vitória da Chapa 2 - Democracia e Unidade pra avançar, pois ela carrega a marca tradicional CUTista de pluralidade e defesa da unidade dos trabalhadores e de organizar, mobilizar e lutar por conquistas sem perder a referência na base e na massa. Abraços, William Mendes, secretário de formação da Contraf-CUT.