Bancos privados perderam mercado por
duvidarem da recuperação econômica
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Os bancos privados perderam mercado nos últimos meses porque, ao contrário dos bancos estatais, não acreditaram que a economia brasileira ia se recuperar rapidamente da crise financeira mundial. O mesmo erro pode estar sendo cometido pelos empresários que não estão acreditando na recuperação da demanda doméstica.
Assim como os banqueiros, eles também perderão mercado para os concorrentes ou para produtos importados.A avaliação é do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que, em entrevista ao Valor, falou sobre as perspectivas da economia brasileira no que ele já chama de "pós-crise".
"Os bancos públicos baixaram as taxas de juros e aumentaram a oferta de crédito. Com isso, atraíram os melhores clientes e, portanto, ganharam carteira em volume e qualidade. Foi um movimento estratégico correto. Além disso, cumpriram o papel contracíclico de governo", comentou Meirelles.
Os bancos públicos fizeram esse movimento baseados numa expectativa de recuperação do crédito e da economia mais otimista que a dos concorrentes privados, que ainda seguem apostando em crescimento negativo neste ano.
"O BC, em nenhum momento, previu crescimento negativo para 2009. Projetou, no último relatório de inflação, alta de 0,8%, bastante acima do que previa o mercado", explicou Meirelles.O presidente do BC reconhece que os bancos estatais foram beneficiados, durante a crise, pelo fato de serem garantidos, em última instância, pelo Tesouro Nacional.
Temerosos com a saúde dos bancos privados por causa das notícias que vinham do exterior, muitos depositantes transferiram depósitos para bancos públicos. De qualquer forma, disse Meirelles, os bancos privados foram "um pouco mais conservadores".
"É compreensível que tenham sido mais cautelosos, mas, como a economia se recuperou rapidamente, o efeito líquido disso é que os bancos privados vão ter que correr atrás do prejuízo para recuperar o mercado que perderam", observou o presidente do BC.
"O crédito está crescendo. Estamos num cenário de demanda forte."
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