Bancos de porte médio retomam
trilha do lucro no quarto trimestre
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Valor Econômico
Fernando Travaglini
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Valor Econômico
Fernando Travaglini
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Finalmente os bancos de menor porte conseguem respirar aliviados. Os balanços divulgados até agora mostram um quatro trimestre bastante acima das expectativas. Em média, o lucro líquido avançou 79,2% em relação aos três meses anteriores - levando-se em conta dez bancos com patrimônio líquido abaixo de R$ 10 bilhões que já publicaram seus resultados.
A aceleração de fim de ano ainda não foi suficiente para recolocar as instituições no mesmo ritmo pré-crise - é preciso considerar que a base de comparação, o quarto trimestre de 2008, é pequena. Mas aponta uma tendência de melhora para este ano.
"O quarto trimestre foi normal, os anteriores é que não estavam normais", diz Morris Dayan, diretor do banco Daycoval. "Olhando pra frente, ficamos bastante otimistas. Vamos buscar a rentabilidade anterior à crise", completou o executivo.
A principal mudança foi o cenário de risco. Com o recuo da inadimplência e a volta das captações de recursos, as instituições sentiram-se confortáveis para retomar a oferta de crédito. O ponto de virada para o crédito, no entanto, aconteceu meses depois dos grandes bancos, já que as instituições menores sofreram com a falta de liquidez imediatamente após o agravamento da crise, em setembro do ano passado. Somente em meados do ano passado a situação se normalizou.
De acordo com Milto Bardini, vice-presidente do BicBanco, desde setembro há sinais que apontam demanda forte de crédito, com um apetite revigorado da parte dos bancos em conceder empréstimos. Soma-se a isso uma abundância de recursos dos mercados, que restabeleceu a liquidez das instituições. "Estou vendo a normalidade com razoável resultado anual", completou.
A ponderação de Bardini com relação ao "razoável" resultado se deve à queda entre 6 e 8 pontos percentuais da rentabilidade pela qual passaram as instituições médias em 2009. Em geral, o retorno sobre o patrimônio caiu de um patamar próximo a 25%, antes da crise, para algo abaixo de 20%, em termos anuais.
Em parte, essa redução se deu pela redução das carteiras de crédito ao longo do ano, mas também pelo aumento das despesas com calotes, especialmente no segmento de pequenas e médias empresas. "Tivemos de renegociar quase todos os nossos contratos no middle", diz Paulo Henrique Pentagna Guimarães, presidente do Bonsucesso.
Segundo Anis Chacur Neto, presidente do Banco ABC Brasil, no quarto trimestre a maioria dos problemas com clientes já estava equacionada e parte das provisões foi revertida. "Novos provisionamentos só para carteira nova", afirma.
Com isso, o lucro líquido no acumulado do ano teve elevação de 9,1%, em média, puxado principalmente pelos bancos que operam maior parte da carteira de crédito consignado, como BMG, Bonsucesso e Paraná Banco. Sem eles, ou seja, considerando os bancos com carteiras diversificadas, há uma queda de 5,9% no resultado acumulado do ano passado.
Mas a recuperação no quarto trimestre foi relevante em termos de oferta de crédito. O saldo da carteira desses dez bancos que havia crescido 8,5% no ano até setembro, avançou 8,8% apenas nos últimos três meses do ano, fechando dezembro de 2009 em R$ 106 bilhões.
Um dos destaques foi o Banco Votorantim, que completa um ano de parceria com o Banco do Brasil. A instituição não é exatamente um banco médio, já que acumula ativos de R$ 85 bilhões e uma carteira de crédito de R$ 53,5 bilhões (incluindo avais e fianças), mas seu nicho de atuação e estrutura sem rede de agências se assemelham às instituições de médio porte.
No varejo, que inclui crédito consignado e veículos, o Votorantim registrou crescimento de 36,3% no ano passado. Para este ano, a instituição já discute com o novo parceiro, o banco estatal, estratégias para expansão em outros nichos, como a entrada em concessionárias para brigar pelo mercado de novos e seminovos, diz Milton Roberto Pereira, vice-presidente do Votorantim.
A briga será boa no crédito ao consumo, mas o segmento que promete maior disputa é o chamado "middle market", nicho de pequenas e médias empresas. Os bancos que reduziram participação por conta da crise prometem voltar com força neste ano, como o BicBanco e Daycoval, enquanto outros, como o Votorantim e o ABC Brasil começam a avançar com apetite renovado.
"Queremos crescer entre 30% e 40% nesse segmento, acima da média de mercado e conquistar market share", diz o presidente do Banco ABC Brasil, especializado em empréstimos para grandes companhias, mas que ampliou o leque de atuação desde o ano passado.
A aceleração de fim de ano ainda não foi suficiente para recolocar as instituições no mesmo ritmo pré-crise - é preciso considerar que a base de comparação, o quarto trimestre de 2008, é pequena. Mas aponta uma tendência de melhora para este ano.
"O quarto trimestre foi normal, os anteriores é que não estavam normais", diz Morris Dayan, diretor do banco Daycoval. "Olhando pra frente, ficamos bastante otimistas. Vamos buscar a rentabilidade anterior à crise", completou o executivo.
A principal mudança foi o cenário de risco. Com o recuo da inadimplência e a volta das captações de recursos, as instituições sentiram-se confortáveis para retomar a oferta de crédito. O ponto de virada para o crédito, no entanto, aconteceu meses depois dos grandes bancos, já que as instituições menores sofreram com a falta de liquidez imediatamente após o agravamento da crise, em setembro do ano passado. Somente em meados do ano passado a situação se normalizou.
De acordo com Milto Bardini, vice-presidente do BicBanco, desde setembro há sinais que apontam demanda forte de crédito, com um apetite revigorado da parte dos bancos em conceder empréstimos. Soma-se a isso uma abundância de recursos dos mercados, que restabeleceu a liquidez das instituições. "Estou vendo a normalidade com razoável resultado anual", completou.
A ponderação de Bardini com relação ao "razoável" resultado se deve à queda entre 6 e 8 pontos percentuais da rentabilidade pela qual passaram as instituições médias em 2009. Em geral, o retorno sobre o patrimônio caiu de um patamar próximo a 25%, antes da crise, para algo abaixo de 20%, em termos anuais.
Em parte, essa redução se deu pela redução das carteiras de crédito ao longo do ano, mas também pelo aumento das despesas com calotes, especialmente no segmento de pequenas e médias empresas. "Tivemos de renegociar quase todos os nossos contratos no middle", diz Paulo Henrique Pentagna Guimarães, presidente do Bonsucesso.
Segundo Anis Chacur Neto, presidente do Banco ABC Brasil, no quarto trimestre a maioria dos problemas com clientes já estava equacionada e parte das provisões foi revertida. "Novos provisionamentos só para carteira nova", afirma.
Com isso, o lucro líquido no acumulado do ano teve elevação de 9,1%, em média, puxado principalmente pelos bancos que operam maior parte da carteira de crédito consignado, como BMG, Bonsucesso e Paraná Banco. Sem eles, ou seja, considerando os bancos com carteiras diversificadas, há uma queda de 5,9% no resultado acumulado do ano passado.
Mas a recuperação no quarto trimestre foi relevante em termos de oferta de crédito. O saldo da carteira desses dez bancos que havia crescido 8,5% no ano até setembro, avançou 8,8% apenas nos últimos três meses do ano, fechando dezembro de 2009 em R$ 106 bilhões.
Um dos destaques foi o Banco Votorantim, que completa um ano de parceria com o Banco do Brasil. A instituição não é exatamente um banco médio, já que acumula ativos de R$ 85 bilhões e uma carteira de crédito de R$ 53,5 bilhões (incluindo avais e fianças), mas seu nicho de atuação e estrutura sem rede de agências se assemelham às instituições de médio porte.
No varejo, que inclui crédito consignado e veículos, o Votorantim registrou crescimento de 36,3% no ano passado. Para este ano, a instituição já discute com o novo parceiro, o banco estatal, estratégias para expansão em outros nichos, como a entrada em concessionárias para brigar pelo mercado de novos e seminovos, diz Milton Roberto Pereira, vice-presidente do Votorantim.
A briga será boa no crédito ao consumo, mas o segmento que promete maior disputa é o chamado "middle market", nicho de pequenas e médias empresas. Os bancos que reduziram participação por conta da crise prometem voltar com força neste ano, como o BicBanco e Daycoval, enquanto outros, como o Votorantim e o ABC Brasil começam a avançar com apetite renovado.
"Queremos crescer entre 30% e 40% nesse segmento, acima da média de mercado e conquistar market share", diz o presidente do Banco ABC Brasil, especializado em empréstimos para grandes companhias, mas que ampliou o leque de atuação desde o ano passado.
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