Itaú Unibanco vê maior competição
entre bancos em 2010
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Alfredo Setubal não quis comentar polêmica sobre o spread.
Fusões recentes devem estar concluídas em breve, afirmou.
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Após um 2009 marcado por fusões entre grandes bancos públicos e privados, o próximo ano deverá mostrar um cenário ainda mais competitivo no setor bancário brasileiro.
A avaliação é do vice-presidente de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal, que participou nesta quarta-feira (19) de reunião com analistas de investimento, em São Paulo.
Segundo ele, as fusões Itaú-Unibanco, Santander-Real e Banco do Brasil-Nossa Caixa devem estar bem próximas da conclusão no início de 2010, o que permitirá que as instituições direcionem novamente o foco para a competição. Apesar de o Bradesco não estar em processo de fusão, Setubal lembrou que o banco trocou recentemente a sua direção, o que também requer adaptações.
O executivo recordou que o cenário de crescimento para o PIB brasileiro no próximo ano, ao redor dos 4%, também ajudará a acirrar a disputa entre os grandes bancos.
A seu ver, o diferencial competitivo não estará somente nas taxas de juros a serem praticadas, mas também na qualidade da rede de agências, do atendimento e da tecnologia. Dentro deste cenário, avalia Setubal, uma das principais tarefas do Itaú Unibanco é definir a nova disposição das agências, que se juntaram às do Unibanco.
Perda da liderança
O executivo afirmou ainda que o Itaú Unibanco não ficou surpreso e nem frustrado com a perda da liderança nacional, em volume de ativos, para o Banco do Brasil, oficializada na semana passada. Segundo ele, o movimento já era esperado após o banco federal ter adquirido a Nossa Caixa.
"Não temos o menor problema com isso (perda do 1º lugar)", disse o vice-presidente que, assim como o irmão e presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, optou por não comentar as alfinetadas dadas pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, sobre a questão das taxas de juros dos bancos públicos. "Não vamos botar mais lenha nessa fogueira", desconversou.
O Itaú Unibanco decidiu deixar de lado a polêmica levantada nos últimos dias sobre as taxas de spread (diferença entre o custo de captação e o de empréstimo) praticadas pelos bancos públicos. "Não vamos mais entrar nessa discussão. Deixe que falem", afirmou. Segundo Setubal, os juros do banco cairão na medida em que o risco de inadimplência ceder. Ele reiterou que, no terceiro trimestre, as provisões para fazer frente à inadimplência devem voltar a subir, mas em um ritmo mais lento que o do trimestre anterior.
Na sequência, elas devem recuar. Hoje, o índice de inadimplência do Itaú Unibanco para contas com mais de 90 dias de atraso está em 6,4%, na média, sendo cerca de 8% para pessoas físicas. Setubal espera que esses índices caiam com a recuperação econômica. O banco trabalha com uma queda de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 e um avanço de 4,3% do mesmo indicador em 2010. Com informações do Valor Online e da Agência Estado.
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Artigo
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Primavera Bancária
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Graça Gomes*
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Nada é pior do que o silêncio do banqueiro, entre reuniões e reuniões, que oferece apenas 4,5%. Nada é pior para os bancários do que sentirem-se como borboletas espremidas entre o casulo e a vontade de voar, ver a força de trabalho reconhecida e qualidade de vida mais intensa.
Nada é pior do que saber que milhares de crianças ainda morrem de fome em pleno século XXI, enquanto os banqueiros lucram, apenas em um semestre, R$ 14 bilhões.
Nada é pior do que ver a primavera chegar, tendo o reajuste discutido como se fosse um jogo de cartas, dando lugar a negociações mórbidas, enquanto é exigido da categoria bater metas inatingíveis.
Nada é pior do que o engano de viver com roupa de gerente e bolso de servente, empréstimos, cheques especiais para poder manter-se, erguer-se, seguir em frente e, ao mesmo tempo, ter os olhos arregalados, sem piscar para qualquer um nem fechar para qualquer medo.
Mas, de repente, o acordar acontece, desamanhece e a categoria desadormece e todos juntos gritam “além das flores que a natureza nos dá sem nada em troca pedir, queremos reajuste vendo nosso piso salarial subir”.
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Dívida no cartão bate recorde
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Apesar dos juros altos das empresas de cartões de crédito, que são financiadas pelos grandes bancos, os brasileiros não desistem do crédito rotativo.
De acordo com levantamento do Banco Central, o endividamento no cartão de crédito bateu recorde. O valor registrado foi de R$ 26,49 bilhões em saldo cumulativo até o dia 31 de julho.
Os juros do cartão de crédito estão atualmente em absurdos 237,9% ao ano, mais alto que os do cheque especial.
No entanto, a utilização dessa modalidade só cresce. Ainda segundo o BC, a cada R$ 4 tomados emprestados por pessoas físicas, R$1 é no cartão.No primeiro semestre, o próprio BC prometeu uma ofensiva quanto ao oligopólio do setor no país.
A Redecard, controlada pelo Itaú-Unibanco, e a VisaNet, pertencente ao Bradesco, Banco do Brasil e ao Santander, possuem nada mais que 94% das transações do mercado de bandeiras de cartões no país.